Estava escuro,
Frio.
Mas não o que eu costumava me aninhar e permitir que meu corpo quase falecesse.
Tudo aquilo doía.
O alarme soava nas mais intensas frequências
E mesmo que parasse, eu ainda o escutava sussurrando:
"Irei roubá-lo, ele não chegará a tempo.
O tempo irá passar, irei destruí-lo."
Poderia eu lutar contra essas sombras de dúvidas que permeavam o meu silêncio?,
E contra a ansiedade que rasgava-me por dentro poderia eu controlá-la,
dar um docinho para que ela ficasse mais calma?
O que poderia eu fazer?
Eu poderia fingir melhor que eu estava calma, que a minha paciência sabia esperar (e não corroendo meu estômago)
Que eu não era infestada de medos, ansiedades e dúvidas?
O que na verdade eu temia?
O que era a verdade?
O que eram medos comparados a sonhos?
Minha visão estava tão turva
Que mesmo vendo a lua, eu não podia enxergá-la
Minha percepção sensorial estava tão defasada
Que mesmo vendo a chuva correndo pelo meu corpo, eu não podia senti-la
Meus músculos se atrofiavam
Eu queria descansar.
Descansar onde, do quê?
Aqui não há descanso
É uma luta constante
Entre a comodidade, mudança e medo
Realidade, utopia e sonhos.
A ordem, o caos e a neutralidade.
Fecho os olhos
O sono me protege dos pensamentos.
A luz me protege do escuro.
Aninhada na coberta,
O tempo passa
Destrói-me.
Até que ponto permitirei-me sucumbir à caverna
Deixar que as sombras sejam a minha realidade
E o fogo seja minha comodidade?
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