"Término de ensaio, término da minha mente ocupada.
Observo-o deixando a sala com teu silêncio e teu olhar também está silenciada. Quem estaria, de nós, mais carentes?"
Vou embora de carona, chega apressada na universidade. Welly? Você está por aqui?
Corro com o peso nas costas, corro como uma criança perdida de seus pais. " Welly", eu o chamava para fora dos meus pensamentos. Entre gemidinhos de medo, eu soluçava "Welly, Welly, Wellyy!"
É abril Welly, esteja no campo, por favor, Welly, Welly. Correndo, chego no campo, apenas a grama e as árvores, as traves de futebol. Minhas lágrimas são atraídas mais facilmente pela gravidade.
Corro novamente para o bloco, é claro, você estaria lá! Welly (:
Perambulo o corredor, olhando cada sala. Sinto-me desesperada. Welly, esteja aqui, no escuro, mesmo que no silêncio, quero ter sua presença.
Mas apenas pessoas desconhecidas estavam ali. Welly. :/
Vou embora para minha prisão. Ainda tem quem me espere lá, um gato tão desesperado quanto eu. Eu soluçava, eu gemia de dor mental, só existia eu naquela rua. E não sentia mais nada. Nem a chuva que respigava no meu ombro e no meu cabelo eu sentia.
Chego no prédio, Welly, onde está sua moto? Por que você não está aqui, Welly? Por favor, esteja na escada, esteja na porta, ou no banco, Por favor Welly, esteja me esperando em casa. Subindo as escadas, Welly, Wellyyy! Será que você estará logo ali?
Não...
Só escutava o choro do meu gato, e talvez, ele já chorasse comigo antes mesmo de ele saber porque chorava. Abro a porta, sinto a angústia toda me recebendo. Minhas lágrimas desabam mais ainda. Será que ao menos, você me sente? Será que ao menos, você lembra do meu rosto e da minha voz? Welly!
Coloco a coleira no gato - que coisa estranha. Vamos passear, estamos precisando sair de casa. Consigo me acalmar vendo a curiosidade dele. Deu certo, deu sim. Escuto a moto: "Welly!". NÃO. Era uma moto qualquer, e mais uma vez, sou posta à realidade, e desabo-me em prantos em pleno estacionamento do condomínio - Ok, Morceguinho, vamos voltar para casa.
20:55 minhas lágrimas já estão incontidas. Não quero mais, Welly, é óbvio que ele não virá. Acho que tudo isso não passa de um sonho. Toda a história que eu criei é um sonho que não consigo acordar, que se funde na minha realidade e acho que meu novo amigo imaginário é meu ''noivo''. Acho que ele é criação da minha.
"Deus, eu não posso cair, não posso me machucar. Desculpe e perdoe todas as vezes que fiz isso. Tenho que cuidar do que Tu me destes para que eu possa realizar o que tens para mim."
Li mais de 6 salmos, meditei sobre cada um deles. E as lágrimas ainda continuvam.
O que era aquilo? Algum espírito mal rondando-me, testando-me?
O banho! Claro, a água limpa os pensamentos. Despido-me. As lágrimas querem tocar meu corpo inteiro. Não consigo na água fria, preciso de conforto. A água quase arrancando minha pele, deixo que ela acaricie meu corpo, finjo que minhas lágrimas cessaram, mas nem o chuveiro foi capaz de acabar com elas. Eu via vultos através do box, no corredor, onde a única luz do apartamento estava acessa. "Por favor, Deus. Proteja-me. Eu não sei o que fazer, e não tenho forças mais se não suplicar Teu nome e entregar-me. Não sei o que significa tudo isso, mas proteja-me. Estou me perdendo.''
Apenas 10 minutos no banho, saio tremendo de frio, o estômago se retorcendo de dor. O gato miando desesperado - tanto quanto eu!
Coloco um pijama qualquer, enrolo-me na coberta e continuo a estudar salmos. Lá havia o que eu precisava, palavras reconfortantes: esperança, fé, justiça, amor. Sei que Deus me protegia, que criava uma estufa de proteção - e lá, eu coloquei meu Morceguinho também. Ele parou de chorar - eu ainda não.
Não tinha forças para ler mais, eu soluçava, as lágrimas impediam-me de compreender as letras.
Vamos pintar! - Como se fosse minha mãe dizendo quando ela queria dormir, e eu queria ficar acordada. Aquilo me deixou distraída, meu gato, quieto, ao meu lado. Depois de 1,5 horas chorando, finalmente parei. As cores tiraram minha aflição e minha angústia. Talvez eu até sorrisse e talvez Deus estivesse feliz por mim também.
Welly agora era meu amigo imaginário, que caminhava comigo e com Deus e meu Morceguinho. Eu não podia esperar nada mais das pessoas, eu não era mais a prioridade de ninguém - acho que cresci. Então, por que me entregar a pessoas que não precisam de mim? Se posso satisfazê-las com meu superficial, isso deve servir. Vou cuidar do que é preciso, e me abandonar depois.
Não tive vontade de desistir de algum sonho ou deixar de buscá-los, farei as coisas no meu tempo, mesmo que a melancolia, seja companheira da solidão e dos meus medos noturnos. Só não posso esperar que as pessoas façam algo por mim. E se meu Welly não for imaginário, algum dia ele vai voltar.