Domingo traz uma nostalgia. Dos dias em que voltava da igreja, com roupinha, sapatinho e cabelo impecáveis, o cheiro do almoço sendo espalhado pelo quintal. A brincadeira com bola, boneca, giz, tudo sozinha - acho que a solidão sempre esteve lá me protegendo. Todos se amavam claramente, o trabalho era importante, mas não mais que a família. O cheiro do molho vermelho no macarrão, o frango assado, refrigerante e sobremesa. Mas sempre sabia que logo após o almoço, a realidade cairia sobre nós. A pressa dos pais, deixando os filhos - sim, eles trabalhavam para dar o melhor para nós, disso eu não tenho o que reclamar, eles davam tudo o que eu queria nas condições possíveis. Mas ainda sentia tanta falta deles. Tanta falta que fossem comigo no café da tarde na casa das tias. Onde a família inteira se reunia, uma reunião imensa de primos e tios, brincadeiras puras. E às vezes, eu me excluía em um dos quartos, e escrevia. Escrevia o quê? Eu não entendia o sentido da vida e nem entendia porque sofria. Mas eu escrevia. Eu desenhava, mais apaixonadamente que meus primos, eram apenas desenhos bobos mesmo? Ou eu precisava dizer algo com aquilo? E aos poucos, fui deixando que a solidão fosse se aprimorando em mim. Eu não ia mais nos cafés, ficava em casa, fazendo o quê? Nada. Sofria? Não sei. E agora, tudo isso se repete, mas apenas nostalgia. Ainda me sinto solitária aqui, mesmo que eu veja claramente o amor de meus pais, mas já não sinto que sou parte realmente, pois não há algo que tenha meu cheiro e eu possa realmente me sentir ''em casa''.
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