12/11/2020

Gestação de mim mesma

Gentilmente abro meus olhos, contemplo a casca caindo como folhas ao chão. 
Rompendo, rasgando, sangrando, curando todas as ilusões com o sangue mais sagrado. 
O sangue da vida - morte - vida. 

Sozinha, sinto a brisa sussurrando na pele.
No espaço, as folhas se remexendo
O ser, imóvel, profundo, pleno. 
Sendo com o Todo e com o Nada.
 Dentro de mim, preencho-me da mesma brisa que lá fora se remexe. 
Na doçura da natureza contemplo a própria natureza do não-ser - Anatta.

Lágrimas quentes deslizam como um carinho sobre o rosto. 
Tocam-me os lábios como o beijo mais amoroso que eu poderia sentir. 

Poderíamos dizer que é hora de partir, mas a jornada é em qualquer plano. Não há começo nem fim, nem chegadas ou partidas. Apenas o contato com a existência a partir dos sentidos com a consciência que temos no agora. É hora de agradecer pelo que já se manifesta e o que não se manifesta. Pois aqui é tudo onde você mesma se levou a estar. 

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