Quantas vezes já pensei em tirar minha vida...
Quantas vezes pensei em desistir dos passos caso não dessem certo...
Quantas vezes pensei em voltar pro mundo obscuro perdido...
Então me lembro, não da dificuldades que tive até chegar aqui, mas quão belo e saboroso é experimentar o caminho da felicidade e dos sonhos, das conquistas, mesmo que pequenas; dos atos de generosidade - comigo mesma. Das minhas festas particulares que só tem eu.
São nesses momentos em que me sinto livre para ser eu mesma, sem medo da vida, dos sonhos que construo e vejo como são lindos, ou de como será minha vida no futuro. Mas eu não preciso me preocupar em ficar bem, só preciso me preocupar em não ficar tão mal. É claro que momentos de tristeza virão. Mas é como uma folha em branco e um ponto no meio dela. Posso enxergar o ponto como algo pequeno, na imensa folha em branco, ou posso dizer que aquele é o defeito da folha. É claro que momentos de dúvida, incerteza, fraqueza virão, mas é só lembrar que eles passam.
As dúvidas servem para nos permitirmos a ter diversos pontos de vistas sobre um mesmo assunto e nos permitirmos a escolher. As incertezas, para não nos precipitarmos em dar o próximo passo sem antes ter a certeza e sentir que aquilo é o mais próximo do certo a fazer. A fraqueza, para nos lembrar de que somos fracos, que não podemos acreditar cegamente na suposta força que temos quando estamos bem, que temos que admiti-la e lutar contra os monstros que expõem nossos medos.
As coisas estão caminhando muito bem, mesmo que algumas vezes eu me sinta atraída a me retrair e me esconder no meu mundo perdido, mas de qualquer forma estou vivendo no meu mundo, na minha felicidade. Ainda que não sinta-a em todos momentos, sinto a paz invadindo meus pensamentos. Me preocupo, ou me entristeço à toa, algumas vezes. Sei onde encontrar a serenidade que sempre peço, porém sinto-me fraca em andar.
Mesmo que eu tenha a coragem de não ficar parada, me sinto cansada em ter que andar sozinha (mesmo sabendo que não estou). Essa mania de saber como sair dos piores lugares da minha mente faz com que seja egoísta e não aceite ajuda muitas vezes, ou queira me mostrar corajosa e forte por conseguir caminhar mesmo que cansada.
Aprendi que sou humana também. Cansei de tentar parecer uma semi-deusa. Preciso de carinho e atenção. Por mais que eu não gosto de admitir minha carência, aqui estou admitindo-a. Sinto falta de conversas reais, de amigo, de horas bobas, de pessoas, de mais vento no rosto ao fim da tarde, vendo o por do sol. Às vezes me canso em inventar músicas sozinha, brincar sozinha, conversar sozinha, observar sozinha, a natureza.
Talvez por essa carência, eu não saiba muito me dar bem com as pessoas. Por isso me limitei e quase me proíbo em conhecer novas pessoas. Mas acho que eu não sei que não preciso ter uma amizade profunda. Acho que eu só preciso conversar mais, mesmo achando que não seja necessário, mesmo não sentindo tanta falta assim. (Por mais que eu esteja cansada, sempre tive que criar minhas próprias brincadeiras e os diálogos das minhas bonecas)
Estou me contradizendo nesse quesito de amizade vs necessidade de diálogos. Ao mesmo tempo que queria ter mais amigos, não quero, porque o que tenho me é necessário - acredito ser mais uma vez o monstro do meu egocentrismo querendo me expor, querendo se sentir importante no mesmo nível em que ele é pra mim. Mas vou me curar disso. Vou encontrar meu equilíbrio e parar com essa necessidade boba de pessoas. Se eu não me sinto parte do mundo de ninguém de fora, porque eu deveria querer entrar, entender um pouco e depois ir embora? Isso também pode machucá-los. Isso eu quero evitar. Machucar as pessoas. Acho que vou me dar um jeito, e ficar assim, longe deles, quase invisível. Eles não sentirão vontade, nem falta. E eu posso me reacostumar com poucas pessoas e muitos sonhos no meu mundo.
Alguns meses atrás, eu tentei mudar essas características que sempre estiveram óbvias em mim. Tentei ser popular, legal, atraente fisicamente, uma pessoa 'normal'. Com isso, deixei de estudar o quanto estudava, de ler, pintar, brincar, de ser eu mesma. Criei uma personagem muito bonita aos olhos de quem conhecia superficialmente. Só que nem eu, nem as pessoas que estavam ao meu lado sabíamos que eu estava morrendo por dentro. Que estava apodrecendo. Comecei a sentir falta de mim (e até hoje ainda sinto - mesmo me aproximando mais), as lágrimas falavam por mim a dor que eu sentia. Aos poucos abandonei a superficialidade e comecei a entender e ver meus erros comigo mesma. Alguém real me ajudou a sair de onde eu estava, me ajudou a ter os sentidos recompostos novamente: Voltei a viver! Mudanças complexas estavam envolvidas. Mas por algum motivo, eu não tive medo de encará-las, e lutar até me sentir fraca o suficiente pra querer ser carregada no colo. (ainda sinto essa vontade, mas não é justo se ainda sinto um pouco de forças pra me arrastar).
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