Maio, 4
''Quanto ao resto, sinto-me aqui perfeitamente bem. A solidão, neste verdadeiro paraíso, é um
bálsamo para o meu coração sempre fremente, que transborda ao calor exuberante da primavera.
Cada árvore, cada sebe forma um tufo de flores, e a gente tem vontade de transformar-se em abelha
para flutuar neste oceano de perfumes e deles fazer o único alimento.''
Maio, 17
''Ah! por que a amiga da minha juventude está morta? Por que cheguei a conhece-la, ai de mim?
Poderia dizer a mim mesmo: "És um insensato em busca daquilo que não se encontra neste
mundo". ''
Maio, 22
também me acompanha por toda parte. Quando vejo os estreitos limites onde se acham encerradas
as faculdades ativas e investigadoras do homem, e como todo o nosso labor visa apenas a satisfazer
nossas necessidades, as quais, por sua vez, não tem outro objetivo senão prolongar nossa
mesquinha existência; quando verifico que o nosso espírito só pode encontrar tranqüilidade, quanto
a certos pontos das nossas pesquisas, por meio de uma resignação povoada de sonhos, como um
presidiário que adornasse de figuras multicoloridas e luminosas perspectivas as paredes da sua
célula ... tudo isso, Wahlheim, me faz emudecer. Concentro-me e encontro um mundo em mim
mesmo! Mas, também aí, é um mundo de pressentimentos e desejos obscuros e não de imagens
nítidas e forças vivas. Tudo flutua vagamente nos meus sentidos, e assim, sorrindo e sonhando,
prossigo na minha viagem através do mundo.
Junho, 16
''- Se essa paixão é um crime - disse Carlota não posso ocultá-lo.''
Nenhum comentário:
Postar um comentário