29/09/2013





   Por algum motivo, quero a solidão tal como ela é. 
Por que raios ela me é tão distante e difícil?
Por que essa carência estúpida insiste em incomodar meu corpo?

Tudo isso é ilusão, não preciso de coisas fúteis. Só preciso saber a Verdade e voltar pro Caminho. 

Me deixe gritar, deixe morrer pra encontrar a vida. Estou farta desse teatro, desses sonhos que ficam se alternando na minha mente. Eu quero estar próxima à natureza, quero sentir a verdade nos meus pés e na minha cabeça. Entender o que é frio e o que é fome. E talvez, ter a casa no fundo da floresta, longe de tudo. Consumindo-me pela triste e doce felicidade. A felicidade estável, que não muda de humor. O corpo finalmente poderá acompanhar. E o equilíbrio irá surgir. Vou sozinha. Finalmente!

28/09/2013

    Eu gostaria que a solidão me fosse suficiente. Não uma sensação apavorante de querer você aqui. Ou qualquer outra pessoa.
    Não queria que meu silêncio fosse resultado da culpa, mas sim da felicidade.
   Não queria ficar à deriva dos meus sentimentos. Queria viver uma vida solitária e quase monótona. Focada nos meus sonhos e nos modos cansativos de alcançá-los.

É chegadaa hora de enfrentar novamente os monstros e ir quase sozinha procurando o caminho, que nunca se finda. E os sonhos solitários voltaram a brilhar na janela, que tinham comprado por um preço de quase nada. Volta à felicidade solitária. Finda o prazer. Vive por viver. A invisibilidade tomou conta e se esconde ainda mais.

22/09/2013

   Depois que o ódio fica fincado na carne, não adianta tentar amenizar. Por tempos estive tentando ser paciente, e procurar as diferenças. Mas são raríssimas as diferenças. A inocência ficou perdida, e tentam mascará-la. Mas é facilmente desmascarado. A repugnância cresce, se estabelece. Por fim, compreende, e volto pro meu mundo.
   Pessoas estúpidas.
   Mesmo que o amor me doa e fique distante, prefiro viver essa dor, do que viver coisas superficiais e fáceis. Escolhi o amor porque dói, porque tem que lutar por isso, porque é difícil, porque tem que sacrificar a si próprio.
   A cada dia a raiva cresce pelas pessoas, principalmente as que tocam no meu cabelo quando eu não permito. Mas eu sei, a culpa é minha que não dei avisos suficientes. É hora de dar tchau, como todos que incompreenderam isso. 
   Não adianta mudar a si mesmo, pensando que o mundo não irá mudar com isso. Mudanças reais requer o desprendimento de hábitos antigos. Grandes mudanças requer desconforto. 
    Aquela solidão grotesca que lhe consumia estupidamente. A alimentação rasa e vegana, que passava mal qualquer horário que fosse, forçava-se a ter 6 refeições diárias para que fosse possível realizar todos os sonhos já que a morte lhe viria em um processo natural e desistira de desejar-lhe todas as noites. No quarto mais distante da cozinha e da sala da pensão escondia-se no seu mundo, com inúmeros vícios (estúpidos), sem suportar as pessoas, mesmo tendo que usar a sociabilidade para ganhar o dinheiro que lhe seria útil em momentos futuros para distanciar-se de tudo e viver como sempre desejara. Tivera alguns amores durante a vida, do qual o último levou suas forças e aumentara sua repulsa pelas outras pessoas. Dedicara seu tempo e seus pensamentos todos aquele único amante que nunca lhe pertencera propriamente.
   Se amavam e rolavam pela cama às escondidas, à preço do amor que inflavamava mais ao peito de um do que de outro. Nunca trocaram presentes, fora alguns desenhos e algumas cartas malfeitas, outra nem entregues. Porém, muito antes de serem amantes, eram amigos, se tratavam como irmãos. Mas o corpo cegou a pureza daquele sentimento que não teria continuidade. Quando soubera que não poderia, de maneira alguma viver de fato aquele amor, esqueceu-se completamente da vida e dos sonhos que tanto renunciara, mas, que ainda sim alimentava durante as carícias noturnas. Foi desse momento em diante que resolveu viver para si.
   Melhorou a alimentação e os menores hábitos possíveis. Parou de temer as pessoas e sim a ter repugnância, se contradizia, pois a caridade e a justiça eram coisas naturais de sua essência. Decidiu esquecer seu amor e seu sentimentalismo com estudos e trabalhos e conseguir ser suficiente a si mesma, pelo menos ao fim de sua vida. Era uma pessoa exemplar em todos os aspectos de sua vida, exceto em sociabilidade e sorrisos. Vivia reclusa de pessoas e festas e qualquer tipo de música que tirava o espírito do estado de nobreza e tranquilidade, apesar de que na sua mente vivia um turbilhão de pensamentos tortos. Terminou o mestrado, conseguiu dinheiro suficiente para se mudar para longe de qualquer tipo de civilização, um sítio, onde cuidava de alguns animais e plantava tudo da qual sua alimentação requeria. Lá, estudava sua música, pois de alguma maneira aquilo tirava todas suas dores, e muitas vezes, concentrada, entrava num estado hipnótico, onde pensamentos fluíam fácil e rapidamente. Não os acompanhava, apenas permitia que brotassem.
   Aquela vida solitária e monótona no campo fora acomodando sua vida. Os meses passavam e como sempre. seu corpo pedia mudanças, mas não havia outro lugar onde quisesse estar, ali tinha tudo o que queria e tudo o que sempre sonhara... A não ser nos braços de seu antigo amante, que o deixara a sete anos sem notícias.
   O amor voltou a lhe incomodar.
   As plantas começaram a morrer, as hortaliças cresciam fracas, com pouca vida. Os animais que eram os seus únicos amigos passavam o dia triste, rodeando sua senhora sem entender, apenas sentindo o que seu coração gritava. Já não conseguia se concentrar em estudos, trabalhos, meditações ou qualquer outra atividade.
   Seus pensamentos, sua alma pedia incansavelmente seu amante... Do qual nunca esquecera-se das feições faciais, do cheiro corporal, da grave voz que fazia seu coração acelerar.
  Não sabia se recorria à cidade, procurando-o, ou se desfazia novamente daquilo - mas incomodava como nunca. Suas noites começaram a ser tempestuosas, com largos pesadelos, dos quais acordava aterrorizada pela morte dele. Passaram duas semanas, e as complicações aumentaram. Decidiu sair em busca de notícias.
   No hotel da cidade movimentada, tentava evitar as pessoas, e seus pensamentos quase faziam-na desistir da busca insana pelo antigo amor. Três dias na cidade pareciam três meses, e a coragem lhe faltava, o medo de procurá-lo e ser rejeitada consumia-a. Começou a fazer ligações. Foi fácil. O que não foi fácil foi escutar a voz pelo telefone e lembrar de tudo que havia passado. Sua voz trêmula tentava parecer madura e confiante, mas debulhou-se em lágrimas, e ele compreendeu que sua doce menina precisava do único abraço confortável, do único que permitia-se tocar e ser tocada.

20/09/2013



   Meus doces sonhos flutuantes do teu lado, a cama que nos abraça, o frio soprando janela a fora, - mais um dia de neve pra eu te amar. Pego tua mão, observo teus detalhes, não canso de observar. Escuto-os brincando na sala, aquela risada pura, brincadeiras bobas, como se divertem, e como estou feliz. Finalmente, estou em paz. Por favor, me lembre que aqui é meu lugar.Não me deixe ir sem vocês, não me deixe chorar sozinha. Permita que eu descanse todas as noites ao teu lado. Ao som do teu coração, respiração e tuas tosses alérgicas. Tão confortável o que criamos. Por que isso estava tão longe sendo que possuímos um ao outro? Era a minha (nossa) obsessão. Eu pra você. Apenas isso. Meus sorrisos e meus olhares mais sinceros. Fecho meus olhos, sinto-te, quero-te. Tu sabes quem eu sou. Não preciso mentir, não preciso inventar personagens pra viver ao teu lado. Vamos embora logo. Vamos. Lá fora não tem quem nos impeça. Quero ser livre contigo e pra ti. 
Sobreviveria a mais quantos invernos, já que a primavera lhe maltratava?
Agora que todo o corpo desvanecera-se no silêncio da morte.
Sorriu e chorou como nunca.
A sua boca devorava, o que demorou tanto tempo a encontrar.

- Volte! Volte, minha querida!
Gritava, sufocado, em suas próprias palavras.
O olhar gélido, estancado, observava os restos mortais.
A lua brilhante, retornava-lhe lembranças passadas, aumentando sua cólera.
- Por favor - disse em prantos - Volte! Volte, minha querida.

19/09/2013

Continuo nessa mentiras
Voltando pra realidade quando?
Irei embora sem dizer adeus
Enquanto isso, preciso ainda sorrir?

A solidão nunca será minha companheira
Enquanto eu não vivê-la de fato.
O silêncio continuará sendo mu inimigo
Todas as vezes que eu não te ouvir cantar.
Os uivos silenciados pela carnificina
As mordidas silenciam o prazer
A boca pede o beijo quente, molhado
O sorriso morre ao despertar da dor

Correndo sobre a relva
Procurando mais uma presa
A ansiedade lhe consome
Mas espera o melhor momento para atacar

Implorando pelas garras fincadas na pele frágil
O gemido some, as lágrimas escorrem
Olhares de piedade e continuação do ato
A respiração trêmula pelo amor



    Por favor, me leve para longe, para o anonimato, me deixe guardada, escondida de tudo. Estou tão, tão cansada, e triste por pensar que dependo de você. Eu não quero te deixar, eu não quero ir sozinha. Não quero me esquecer totalmente. Tudo o que estou vivendo não passa de teatros indefinidos, que mal posso saber o que é a realidade, essa que me custa tanto. Custa acreditar e a viver. Sendo que muitas vezes prefiro viver o mundo dos meus pensamentos, que gemem, gritando (a felicidade) a paz, o corpo que mal acompanha o que a ''rotina'' impõe. 
   Que outro tipo de liberdade eu preciso? E qual delas me será suficiente? Quero me entregar, quero descansar. Fugir será uma fraqueza? Essa que praticamente todos sempre cogitam, mas voltam pra realidade. Mas meus padrões sempre foram estranhos, por que esse seria iguais aos outros?
   Creio não ter uma bela história pra contar, não ter fotos, nem muitas lembranças alegres. Há quem diga eu estar errada viver nesse mundo egoísta, mas ainda sim, não tenho medo de estar errada, de buscar em lugares distantes o que eu quero pra viver.
A: Você ia me falar das ligações...
B: Certas ligações eu tenho por olhares.. reconheço um na rua, em qualquer canto.. então os olhares possuem um sinal, que é uma especie de código 'sobrenatural'.
A: Mas porque elas representam tanto pra você?
B: Porque de alguma forma sei que elas me protegerão, mesmo que eu estiver dormindo.

B: Tem algum monstro tentando me bater.
A: Tem certeza que não quer que eu te proteja?
B: Não. Todas as cicatrizes servem de aprendizado e lembrança.
A: Mas as cicatrizes ficam em você, não nos seus monstros, e eu quero que você seja feliz.
B: Acho que ser feliz vem depois de muitas lágrimas, é o que me faz acreditar e querer continuar. Pra mim, a felicidade dói.
A: Mas você tem que crer nela até o final, como se toda a dor antes fosse um modo de te testar pra saber se você realmente a merece.
B: E no meu mundo paralelo, eu poderia jurar que são lágrimas de felicidade. Na verdade, no meu outro mundo, estou satisfeita já. Poderia morrer, porque o meu amor está vivendo dentro de mim,não há mais nada que eu possa fazer, ou o que possa me satisfazer, tenho tudo o que quero. ..

17/09/2013

16/09/2013

Me perco nos teus olhos, mesmo que fechados, por tempo indefinido.
Me perco em tu, mesmo quando a noite chega, invade a escuridão e mal percebo e te perco de vista.
Descanso meus pensamentos no teu ombro, meu corpo no teu abraço, meus medos no teu sorriso.

Permita-me ser tua hoje à noite, amanhã, e todos os dias que eu viver.


A cabeça explode
De medo do mundo de fora.
Eu não deveria ter saído daqui.
Não sei de tudo
Mas um pouco, suficiente,
Pra saber onde eu tenho que ficar
Onde pelo menos onde não ir.

- Por favor, me deixe longe deles
- Sim, estou te protegendo. Descanse em paz, minha querida.
- Obrigada meu amor.

12/09/2013

   Se eu fechar meus olhos durante a madrugada, irei te ver sentado à minha poltrona que nem existe (igualmente à ti), tomando teu café, pernas cruzadas, cabelos bagunçados e tua ignorância para comigo, e eu tendo que lhe gritar, para que apenas dirijas o olhar pra mim? Por que teu nome ainda ressoa com tanta nostalgia quando o lembro? Demian, Demian. Tuas maldades e meus sonhos sendo roubados por você. Ainda te desejo algumas mínimas vezes, mas esse desejo quero findá-lo de uma vez por todas. Mais maltrata-me do que me beneficia...
   - Serei diferente dessa vez minha doce criança.
   - Fique quieto! Eu conheço sua manipulação agora. Essa é só uma saudade de não me sentir sozinha enquanto meu sono tarda em chegar (todas) as noites.
   Uma saudade de aceitar o que a mente cria, nada diferente do meu mundo. Mas tudo isso é medo. Não passa de medo.

11/09/2013

Pegue teus sapatos
Vamos passear na neve.
Observar as luzes piscando
Enquanto todos festejam o Natal.

As estrelas solitárias longe de nós,
Sorriem enquanto brincamos no meio da rua.
E ainda sim, mal podemos alcançar nossos sonhos.

Não me importo se teus olhares forem tímidos
Todas as vezes que admitirmos nosso amor.
Tuas pupilas dilatadas falam
O que tua boca se embaralha a dizer.


Onde está o meu amor para
Comigo dançar nas noites
Estreladas?

Dançar com o fogo e com
O calor dos nossos corpos
Flutuantes.

Rolar na grama enquanto
A lua ilumina o teu rosto
E teu abraço envolvendo
Todo meu corpo.

Venha meu amor,
Volte! Vamos festejar
Dançar, deixe-me te
Contemplar
Minhas doenças querem me consumir
Mas o veneno que corre em minhas veias
Desatará a chover nos meus olhos
Me acostumei com o segundo plano
E a vida aqui é mais tranquila
Já nem chamo mais a atenção
Posso andar com meus próprios passos.

09/09/2013

Gosto do escuro
Do silêncio
De ouvir minha respiração
Sentir meu coração batendo.

Volto a perceber isso
Quando estou envolvida nos teus braços
Quando tua cabeça está escondida no meus cabelos
Quando me torno tua novamente,
Mesmo que só na minha mente.

A saudade de ter à noite
No meio do meu colchão.
Iluminado, teu rosto, à luz de vela
Hipnóticos, teus negros olhos



08/09/2013

não sou legal
não sou bonita
nem surpreendente.

deixei minha inteligência
meus vícios idiotas
e me larguei por aí.

eu não sou a mesma
mudei, pra pior e pra melhor.
sei o que me tornei
uma pessoa chata pra maioria

mas são poucas as pessoas
que ainda estão comigo.
eu não tenho amigos.
talvez isso me machuque.

mas eu não sou legal
nem surpreendente.
não sei mais conversar.


eu não me sinto parte desse mundo
eu não deveria estar aqui mais...
o 'legal' vira moda
todo mundo tem
quer usar.

que chato
não ser único mais
perder as características.

legal é
ser visto como estranho
num campo social
onde todos se acham estranhos
mas são todos iguais.



 É engraçado rever todas as pessoas que antes eram suas amigas. Sorrindo, fazendo as mesmas ações de sempre.
  É triste não se sentir mais daquele meio, sentir que não tem mais amigos. Que a felicidade genuína é muito difícil de tê-la, de me sentir bem em algum lugar que tenha mais do que uma pessoa, de não se sentir nunca fazer parte do mundo.
   É chato sorrir quando quer ficar sério. Quando está cansada de sorrir, falar, comer por sociabilidade.

   Não! Desculpe-me por não querer mais essas coisas, mesmo que minha natureza peça pessoas ao meu lado. Eu só não achei quais delas devem estar. Estou mudando, mas elas não.
   Mudanças se fazem se sentindo sozinha. Mudanças de verdade não tem ninguém. E se tem, ela não pode te ajudar como precisa.
   Eu não tenho mais coerência. EU não tenho mais rotina. Eu não quero mais amigos! Mesmo que eu precisasse lutar e mudar isso, isso não vai se mudar de mim.

Por acaso eu pareço uma mentira pra você?
Por acaso eu sou um pedaço de carne suculento que pode ser bom ou ruim?
Por acaso sou uma boneca que tem que se vestir na moda?
Por acaso eu tinha que ficar no pódium?

Não sou mentiras. Não quero uma vida fútil.


    Seria engraçado se eu fosse 'normal', se eu tivesse muitos amigos, seria engraçado forçar sorrisos, abraços, forçar que sou uma pessoa legal, simpática.
  Mas também seria patético. É patético. Ainda sou patética.
  Não quero mais essas pessoas do meu lado. A verdade é que não me conhecem mais. Apenas têm em mente o que e conheceram (superficialmente até). E eu não pertenço mais a ninguém, ninguém pertence à mim. Uma liberdade jogada que me sinto sozinha até demais. Mas continue. Esse é o caminho. O silêncio e a solidão falam o que não pode ser ouvido. Apenas continue. 

04/09/2013

criança pula de alegria
pula pipoca!

criança canta, ri e dança
em momentos inoportunos

chora quando tem medo
chora quando tem culpa

quer agradar, quer chamar atenção.
se suja na lama, rola, senta no chão
quer brincar em qualquer lugar
pois inocência não permite saber qual é o lugar certo...

ah. a inocência!

pula pipoca!


   O manual estava pronto, mas era complexo. não era pratico. Reescreveu até o ponto que fosse simples o suficiente para ser compreendido rapidamente. Assim, usou armas quando era hora de guerrear; escudos na hora de se proteger, mantivera o silêncio e a distância quando palavras grosseiras e atos repudiantes queriam ferir.
   Ainda precisava caminhar; o fim estava distante - distante não, mas longe o suficiente pra ter o tempo de se tornar quem precisava.
quatro cellos
um espelho
um corpo quieto no canto esquerdo
um inseto
- que levou minha concentração.

03/09/2013

revolvo a todas suas palavras escritas
todas lembranças possíveis do seu amor.
será ainda pulsante?
será que ainda vive?
eu deveria me importar com isso!?
será ou fora minha realidade?

sempre errei
me ceguei.
a realidade esteve flutuante na minha vida
e agora, perdida
pergunto que realidade estou inserida.
sozinha ou então
como saber se estou contigo?

talvez você esteja aqui
talvez não.
talvez eu esteja escondendo algo de mim
talvez seja você
talvez não tenha nada mesmo. 
se lhe nego um sorriso um olhar, me sinto péssima.
se lhe sorrio e lhe olho demoradamente,
entrego-me às lágrimas, que teu rosto me faz lembrar da culpa.

não quero te olhar superficialmente
mas também não quero mais me aprofundar nesses teus olhos negros
que me me levam ao meu íntimo
me acolhe, me protege, me compreende.

não quero mais me aprofundar na tua voz grave
que me envolve, leva pra outra dimensão.
que me ensina, me aconselha, me acalma.

não quero mais me aprofundar e
me afundar no teu ombro e no teu abraço
que tiram todo o peso da minha dor
e o medo que tenho de mim mesma.

não quero mais me aprofundar nos sonhos que cultivo à noite
olhando o céu estrelado, sentindo o frio e desejando você do meu lado
esperando o teu carinho e suas doces mãos no meu rosto.

não quero mais me aprofundar nesse amor só de distância
que dói, que não cala, que é inquieto, não fica em paz
que não não me deixa em paz,  não se satisfaz,
que me deixa tímida do teu lado,
que me deixa sonhando acordada.

não quero me aprofundar em desculpas esfarrapadas pra te ver
ou motivos ''profissionais'' pra ficar do teu lado.

só queria vivê-los e admiti-los.
- mas tudo isso está totalmente fora do meu alcance.

e fora o amor que eu sinto
sinto também o medo de te amar. 
queria um amigo fisicamente, pra lhe abraçar, secar as lágrimas, dormir junto, assistir filmes e fazer brincadeiras. mas o corpo erra, o corpo age instintivamente. o corpo faz amar o que não é pra ser amado. os falsos amores. o amor que sentia agora era o amor puro, o amor que dói, que não pode tocar, não pode falar nele, mal pode observar. é um amor que não é seu. viveria por ela mesma e esse amor; sem ver, iria vivê-lo todos os dias. não querendo, iria desejá-lo. porque outrora confundiu o amor puro por amor físico. mais uma vez, não soube amar.
falara do amor, bem baixinho, mas uma pessoa escutou. e o amor puro não pode ser dito. deve ser vivido em silêncio, quase inexistente no mundo exterior, mas pulsante e esmagante dentro de quem o vive. principalmente, quando é um amor que não é seu.
  Uma criança abandonada no mundo, se jogou pra lá sem saber o que queria. Achou que era mulher. Perdeu a inocência, achando que isso lhe traria a liberdade. Se envolveu em sentimentos que não soube administrá-los, fechou os olhos e entregou seu corpo, achou que era mulher e isso lhe traria a liberdade. Se envolveu com drogas, achou que isso a traria de volta pro seu mundo - se desviou do caminho. Falsos amigos sempre estavam do seu lado e por estar fraca, se desviou mais ainda - achando que eles tirariam sua solidão.
   Mas a solidão à pertence. A ''mulher'' voltou a ser criança. Abandonou o mundo, abandonou as mentiras, as superficialidades, os sentimentos que não podem e nem devem continuar. As lágrimas continuam sendo suas amigas, embora seus olhos estejam cansados de ficarem úmidos e pedem descanso. A mente tão perdida no medo do futuro... O que será que ele lhe reserva? Mas não deves mais se preocupar com isso, pois tampouco isso tem controle.
   Ela não quer ser mais mulher. Não quer mais chamar atenção. Não quer pessoas a sua volta, não querem que vejam seu corpo, seu olhar. Só quer voltar a ser criança. Não quer ficar no mau comodismo. Só quer ficar em paz. Não necessariamente feliz - apesar que é um sonho que sempre lhe perturba nas madrugadas antes de dormir: Será que de fato viverei felicidade genuína ou viverei como uma transeunte e veja de longe apenas a felicidade, mas não a sinta?
    Precisa voltar a ficar vazia, minha doce criança, porque seu Pai lhe protege. Precisa se desvincular de quem traz dor, para que possa ficar mais próxima da paz. Mesmo que não haja ninguém a seu lado pra lhe dar forças, precisa continuar no caminho.  Pois a verdade é que ninguém, se não a própria criança aprenderá a caminhar. Pode haver pessoas lhe ajudando, mas se não quiser aprender, não dará um passo se quer. Mas se é algo que realmente deseja, encontrará forças para ir sozinha, ou com ajuda de seu melhor amigo. Pare de errar! Pare de andar em círculos. Pare de desejar o que não pode ser seu.
    A beleza fere os olhos, o sorriso entristece quem não sabe sorrir. O olhar rouba as forças.
   Quem dera fugir, quem dera se esquecer - mas continue sem saber o que fazer. Faça o que escolheu, e deixe tudo acontecer. A falsa ideia de que está no controle da própria vida é um erro ingênuo. Faça o que lhe for possível para sobreviver e ajudar no caminho, compreenda o propósito. Mas não queira adivinhar o futuro, fazer o impossível para buscar a felicidade - porque talvez ela não faça parte da sua vida, ou talvez você esteja se enganando mais vez. Esqueça-se! Esqueça os outros, o que fizeram ou deixaram de fazer por você. E o que você deixou de fazer por eles ou fez o que não deveria ter feito. Esvazie-se! Para que uma nova pessoa nasça à partir do momento em que escolhestes ser melhor.
   Só não esqueças - novamente - de ver realmente quem está do teu lado. Entregue sua vida, seus medos e sonhos para a única pessoa que pode lhe ajudar: Deus. 

02/09/2013

 Era o que eu queria, mesmo que inconsciente. Viver na dor. A pior dor. A que não pode cicatrizar ou passar. O sentimento que não vai se calar (e não quero que ele passe). Só o amor de longe, amor de pensamento, de corrosão. Eu não me importo por essa dor, ela me leva onde eu tenho que ficar. Eu não me importo, porque ela me traz uma companhia - a solidão - que me faz ficar exatamente onde tenho que ficar, e ainda me permite sonhar.
  É uma dor pura, por ser resultado de um sentimento puro. Já não espero mais que fiques comigo na condição de amante. Sendo meu amigo, estando do meu lado com teu silêncio, e se eu puder te observar demoradamente, mesmo que de longe, servirá pra eu te amar como sinto. 

 o mais difícil da vida é vencer a si mesmo. o que isso significa? significa abdicar de prazeres momentâneos para colher um e se transformar...