28/05/2012

Cachorros, flores e um mendigo.

    Havia cachorro. Havia gente, trânsito indecente, poluição sonora, visual e de ar, preocupação.
    Havia o cachorro. Havia outro mendigo, uma garrafa, o arroz e o feijão, uma colher quebrada, o ovo frito esfriado dentro do pote de sorvete de dois litros.
    Haviam dois cachorros. E grama,barranco, flores. Que serão pisoteadas, esmagadas, e esquecidas. (Mas eles se lembram ao menos, antes mesmo de esquecê-las?).
    Haviam cinco cachorros, rolando, mordiscando suas orelhas, correndo, latindo, pulando, cansando dormindo.
    Haviam pessoas desastradas, automóveis, falta de atenção, preocupação.
    Haviam nove cachorros que não tinham preocupações, nem mesmo lembravam das flores, que arduamente tentavam sobreviver dos gigantes que lhes pisoteavam, esmagavam, esqueciam.
                                                              Nem lembravam-nas.
                                                      Na verdade, nem as conheciam.
    Mas as pessoas também fizeram isso com elas, com os cachorros e com o mendigo. E essas mesmo diziam-se racionais.
    Indaguei-me:
    - Defina-me então, racionalidade, vocês cachorros. - Me olharam confusos, abanando o carro, com o olhar feliz, querendo brincar.
    - Defina-me então, racionalidade, oh flores desconhecidas, pisoteadas, e quase mortas. Elas balançaram as últimas pétalas que lhes restavam e nada responderam. Apenas suspirei o suave fragrância que exalavam.
    - Defina-me então racionalidade, oh majestoso mendigo. - Olhou com a boca suja de arroz e ovo, limpou com a manga e respondeu: -  Racio.. o quê? Você pode me pagar um tubaína? Tá seca essa comida. Você pode me dar umas roupas também? Nesses dias de frio, é difícil aguentar. Esse é meu amigo, o Costelinha, ele gosta muito de comer papelão, sempre brigo com ele quando ele come minha cama. Mas ele nunca me abandona, sempre tento arrumar comida pra gente. Não fácil essa vida. Agente tem que dar duro né, moça. Sai daí, tá chovendo em você. Vem aqui na minha casa, não é muito confortável não. Também não tem banquinho, mas você pode sentar aqui na minha caixa.
    Então, sentei com ele, depois levei-lhe algumas roupas, tentei arrumar algum abrigo, que fosse um albergue. E, ele foi o único capaz de me responder racionalmente minha pergunta, sei dizer com palavras exatas, era viver puramente, vivendo, se esforçando pra viver bem..

                                               E não foi mais um dia comum.

24/05/2012

Um discurso desagradável




Quando não há sentido,
Não tem o porquê lutar?
Mas há tanto coisa pra aproveitar
Aproveite da melhor maneira que puder.
Seja egoísta, capitalista
Seja um tolo, ou cientista.
O fim que lhes resta, caros..
É a amiga morte.
Caros, amai-a.
Façam cultos à única verdade.
Sabeis pois, que não sabeis de onde viestes.
Tanto faz suas perguntas ou respostas.
Quantas gerações irá conhecer ou desconhecer teu nome.
Em nome de tudo o que há.
Já não haverá mais nada quando você se for.
E tudo o que aprendeu, gastou
Comeu, chorou, amou
Odiou, comprou, vendeu
Vai tudo ao mesmo lugar de onde irás..
Meu caro, se perde.
Não há motivos pra levar-se tão à sério.
Números são números
Gente é gente.
Livros são livros
E nada mais que isso.
Nada de explicoções
Amores, inimigos, guerras, batalhas.
Espertos os irracionais
Não sabem a fatalidade que vive
A inutilização que é a vida foi criada.
Nada mais que isso.
Um simples e imaturo espermatozoide idiota.
E indago-me agora, porque não fiquei no saco do meu pai?
Por que fui ser o espermatozoide mais rápido?
Para ficar a vida inteira competindo o pódio?
Mas, aha, espero que de hoje em diante
Toda merda que fui forçada a ser, vai pro inferno
Junto com aqueles que cobraram.
E se eu piorar de uma hora pra outra
Se eu ser uma gorda burra em futuro..
Bem, tanto faz..
Morreri ao fim
Sendo magra, ou gorda
Inteligente ou burra
Sendo reconhecida por todos, ou esquecida pelos mesmos..
Mas não por isso, desistirei de ser o que queria
Quando as coisas faziam um pouco de sentido 
Quando eu ainda achava que valia a pena me sentir bem
Da forma que acho que deve ser..
Não será pelas desesperanças, que pararei de caminhar.
Nessa vida tão menoscabada..





FIM


22/05/2012

Dimmu Borgir - Dimmu Borgir [Abrahadabra - 2010]


[...]O talento é inútil se não for exercitado

Quando o mundo está girando
Você vai encontrar a sua verdadeira natureza
Quando o primeiro é o último e o último é o primeiro
Você estará onde escolhe estar [...]

20/05/2012

Esperando ..

 Estava eu esperando algo passar. Que fosse uma nuvem, um pássaro, uma pessoa conhecida, um carro, ou simplesmente o tempo. Então, instantaneamente, talvez avistara o que tanto esperei, o que tanto me indagava naquele local.
 Uma pessoa, sentada ao pé da calçada, um caderno, um lápis vermelho, olhando para tudo e descrevendo. Eu não sabia mais o que era aquilo. Se era um ser qualquer, um cronista em busca de palavras, um apenas uma pessoa solitária descrevendo suas visões à seu amigo imaginário.
 Tempo em tempo, observava tudo, refletia um pouco e escrevi. Meu tempo, meu ônibus, minha nuvem, tudo já tinha passado. Apenas aquela pessoa solitário restara naquele lugar sombrio, naquele mundo sombrio. Ninguém olhava, dava boa noite, ou perguntava se estava bem. Foi quando despertou-me a atenção e fui em busca das suas palavras enaltecidas ver-lhe os sentimentos. Olhou-me estranho, recusou troca de palavras. No momento exato, puxei-lhe um caderno dentro de minha bolsa, pareceu espantado, mas sorriu-me com os olhou com a resposta na ponta da língua: - Fico feliz em encontrar você, meu conterrâneo. Esperei por ti a semanas, pensei até que não verias a ti mais..
 Sentei a teu lado, olhamo-nos, observamo-nos, sorrimos. Assim fomos amigos, mais imaginários, apenas nos sabia por nossas crônicas. Sempre cumprimentava-me com uma crônica belíssima, das quais representava sua solidão. E em minha solidão de amigos, apresentei-lhe as minhas.
  Fomos então, grandes amigos, que escrevia-nos e relembrávamos de que não estaríamos sozinhos, enquanto ainda houvesse alguém para nos observar e observá-los.

18/05/2012

Breve Decesso




Algumas passadas inacabadas
Outras, recém-chegadas
Então velozes saltam as rodovias que não cessam e rodar
O retinir dos saltos
Sinistros ecos saíam-lhe
Repentinamente acabavam-lhe as forças
De modo subjugal
Não via por onde caminhar
Pulou ao céu
Padeceu ali
E não mereceu
Uma morte
Breve

17/05/2012

Quem são vocês?

Quem são vocês?
 O que querem de mim? 
A minha alma já se desfez
Como as flores levadas do jardim.

Por que me quererm?
 Não deixam-me libertada?
Minhas forçam se quebram
E me encontro de mãos atadas.

Ferir então aos fracos?
 Aos puros de coração?
Sem jamais tocar os lábios
Do sincero perdão.

16/05/2012

Afagos

E eu que já não vejo você a dias
Ou foram apenas dois?
Como é distante
Você morar longe de mim.
E poder sentir seu perfume
Só quando der para nos ver novamente.
Quando nos veremos?

Que seja hoje, só um pouquinho
Pra eu poder tranferir a minha felicidade
Na tua pele macia
Na tua boca quente.
Quem sabe, brincar com seus cabelos
Fazer caras e bocas
Só pra ver um sorriso brotar no canto da tua boca.

Ó meu amor, meu doce amor
Amor que inflama no peito
Amor que arde, sem saber.
Guardo em mim, toda sua inocência
Sua doce e maravilhosa calma
Que atraí, e puxa com força
Dizendo - Vem meu bem,
Vem me amar. 
E vou. Correndo.
Pulo nos teus braços
E caímos, pois não esperava algo tão brutal assim.
Sorrimos. Rolamos, E nos beijamos
Por fim.
Por fim, eu amo você.

14/05/2012

Ressureições

O processo da morte, da morte é tão doloroso
Não se sabe por onde está indo
Com quem vai, ou se vai sozinho.
Mas quando se morre
- Profundamente -
Encontra a mais  pura - PAZ -
Na volta para viver
Outro processo doloroso
Do reconhecimento da luz
Imagens, sons.. 
Tudo tão novo, vivo.
E quando se revive novamente
A magia do espetáculo de tudo
Da vida e daqui uns tempos
Novamente
Da morte

13.05.12









São vocês, hobbits?














Mika



 o mais difícil da vida é vencer a si mesmo. o que isso significa? significa abdicar de prazeres momentâneos para colher um e se transformar...