A magnitude do sorriso meigo, bobo, inocente, solitário. Na primeira carteira, da primeira fila da porta, senta-se, surpreendentemente feliz, por sua coleção. Observa cada item, conta, reconta até o professor chegar.
Todos levantam para rezar, mas como não lhe agrada, continua sentada, contando seus itens coloridos. Aula de correção, se deixa perder no seu mundo, esquece de que há outros seres vivos, outros planetas.
Mas o mundo que precisa está ali, no saquinho incolor, cheio de pontinhos coloridos. Uns grandes, outros minúsculos. Chega então, logo, a hora do intervalo. Sai da sala apressada, como fugindo de algo sombrio, senta-se à sombra de um pé de café, despeja os pontinhos coloridos e brinca com eles. Ora de organizar por tamanho, ora por cor, ora por beleza, ora para montar figuras.
O sinal avisa-lhe que é hora de voltar para o mundo sombrio. Deixa o saquinho incolor sobre a carteira, tenta escrever, mas a clareza dos pontinhos lhe faz tão feliz e tão bem, que não quer que nenhum momento passe sem tê-los um pouco. Enquanto a professora faz chamada, pega dois pontinhos, cada um tem quatro olhinhos, e então se perde novamente no seu mundo.
Novamente o sinal avisa que é hora de ir embora. Hora de chegar em casa e organizar os botõezinhos. Pega a bolsa, pega a blusa, pega o saquinho incolor e vai embora, loucamente, junto com seus preciosos tesouros coloridos.
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