24/08/2020

Hoje eu não contemplo o Amor.

 Como posso perceber teu amor, se minhas sensações não captam as moléculas orgânicas?
Como posso amar-te quando mato a mim mesma?
Como posso contemplar-te sendo que minha visão estremesse todas as manhãs ao nascer do sol?
Mereces um mundo maior, a Verdade, a fidelidade, companheirismo. Mereces expandir-se, acessar outros pontos dentro de si que eu não consigo acessar ao teu encontro.

Percebes que o que te ofereço são migalhas da minha existência?
Ofereço-te todo o meu vazio. E nesse vazio não percebo a materialização do ser.
Se contemplas meus olhos, percebe somente o abismo das sombras, afundando num oceano escuro de incertezas, e uma ponta de curiosidade para saber o que há do outro lado da terra.
Até quando permitir-se-a de uma esperança tão rasa quanto o vento causado pela dança frívola de uma borboleta?
Até quando viveremos essa entranha de mundos estranhos tentando compreender-se?

Até quando permitiremos um suposto mergulho profundo de história que não há um avanço concreto, se não projeções de um passado-quase-longínquo?

Minha existência vacila e com ela todas minhas certezas.
Serei capaz de verbalizar meus medos e dores quando precisar ficar sozinha e retirar-me em silêncio para compreender meu ser?

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