Eu muito me assemelho em sua loucura

Deve ser por isso que tanto te afasto 

Tanto repulso.

Deve ser por isso que eu tanto te amo a ponto de querer te salvar

Quando na verdade eu nos enterro. 

Olho pro teu vazio e tuas dores

És somente tão comigo 

Eu e você

Juntas na cova na existência. 

Onde deixei meu sorriso? 

Quando olho teu reflexo, vejo uma nuvem

Que me arrastam pra dentro do oceano profundo das incertezas  

Acho que no fundo o meu amor é somente pra querer te resgatar e fazer você se amar. É eu te amar te tal maneira que você se empodere e siga seu caminho liberto, feliz, sendo você e não só um dado no meio da jogada. É eu usar minha sedução pra estabelecer um contato contigo e a partir disso te mostrar um pouco de luz, de amor. 

vou deixar aqui um possível amor em aberto.

um possível amor encoberto nesses olhos melancólicos

nesse sorriso disfarçado.

vou deixar aqui  uma paixão à distância 

que contempla teus versos

tua habilidade de tocar.

pois quando versas, tocas minha profundidade

tocas um ser que há muito eu havia esquecido em mim:

eu mesma.

 

o que é a paixão se não 

uma das facetas do resgate de nós mesmos?

do resgate do amor próprio?

 

de amar-se de maneira tão intensa

 a desejar compartilhar a alegria de viver? 

 

esses pirilampos que observo de ti

teus versos, tua intensidade, tua sabedoria...

observa-me?

 

quando versas, sinto teus dedos 

tocando meu corpo muito além da matéria

e desejo tão somente que encontre a liberdade 

seja tudo isso

que seja você. 

Hoje eu não contemplo o Amor.

 Como posso perceber teu amor, se minhas sensações não captam as moléculas orgânicas?
Como posso amar-te quando mato a mim mesma?
Como posso contemplar-te sendo que minha visão estremesse todas as manhãs ao nascer do sol?
Mereces um mundo maior, a Verdade, a fidelidade, companheirismo. Mereces expandir-se, acessar outros pontos dentro de si que eu não consigo acessar ao teu encontro.

Percebes que o que te ofereço são migalhas da minha existência?
Ofereço-te todo o meu vazio. E nesse vazio não percebo a materialização do ser.
Se contemplas meus olhos, percebe somente o abismo das sombras, afundando num oceano escuro de incertezas, e uma ponta de curiosidade para saber o que há do outro lado da terra.
Até quando permitir-se-a de uma esperança tão rasa quanto o vento causado pela dança frívola de uma borboleta?
Até quando viveremos essa entranha de mundos estranhos tentando compreender-se?

Até quando permitiremos um suposto mergulho profundo de história que não há um avanço concreto, se não projeções de um passado-quase-longínquo?

Minha existência vacila e com ela todas minhas certezas.
Serei capaz de verbalizar meus medos e dores quando precisar ficar sozinha e retirar-me em silêncio para compreender meu ser?

 obrigada pelo vazio que voce trouxe nesse encontro. eu buscava teu ser, e mostrou-se assim superficial. teus olhos gentis e doces mostram o que? apenas um jogo de sedução? teus olhos, esse abismo, apenas me fez observar o vazio que há em mim refletido no seu ser. o que eu busco? esse vazio, essa dor constante.. aceito migalhas como um cão esfomeado. quando peço que me leia e que me ouça é para desnudar-me minha alma,ressignifcar minha existência, tocar no lado mais profundo. luz e sombra se fundem num eterno bailar de uma dança frívola de borboletas.