Querido Hugo,

Quão belo foi nosso encontro em um domingo ensolarado.

O convite à meditação para nos encontrarmos ficou para outros domingos, pois naquele preferimos nos conhecer através de um encontro.

Buscávamos nos sentar à sombra das àrvores da universidade pois o sol brilhava forte e quente, característica de uma primavera do norte do Paraná. Ao mesmo tempo que procurávamos um lugar adequado pra nos sentarmos, eu buscava teu olhar. Eu buscava desmitificar o mistério que pairava pela tua forma de se movimentar e de falar. Tão profundo, tão centrado. Tão sereno. 

O que aquele olhar queria me dizer? 

O que você queria me dizer? 

Cada passo e cada lugar que nos sentamos tem um cheiro e uma lembrança, guardados em meus pensamentos e em sentimentos mais doces. 

Um cheiro específico me faz relembrar aquele dia. O cheiro do cravo. Este que me envolveu junto ao teu abraço. Abraçoo envolto por um lindo por do sol de agosto na sacada do primeiro andar do prédio.

Sua pele macia, seu olhar sereno e gentil e seu sorriso. Suas ideias que vinham ao encontro das minhas. Suas indagações, sua postura revoltada, seu espírito vigoroso. Não imaginei naquele que encontro que viveríamos tudo isso que vivemos até o momento atual. 

Cada minuto que fui te conhecendo, fui experienciando o encontro a mim mesma. Cada dia que se passava, parecia um Universo explodindo e se expandindo em mim.

 Você demonstrou a pureza e a sinceridade do amor. Você demonstrou por gestos sutis e belos, assim como é a natureza, o sentido do companheirismo. Você demonstrou integridade e verdade nas suas ações e palavras. 

Você tem segurado minha mão e me guiado pelos caminhos que meu ser, já desejava trilhar. Cada dia que busco a mim mesma, mais sinto ir ao encontro de ti para podermos viver a vida plena. A felicidade plena. Você é um mistério e um milagre em minha vida. 

Trilho o caminho com paciência. Trilho o caminho observando, agindo no que se remete a mim, e não-agindo ao que é independente a mim. Trilho o caminho com responsabildade e ânimo para te encontrar em breve. 

Sigo sentindo sua falta física, a falta da sua companhia. Mas sinto sua presença me acompanhando em meus passos solitários. Sinto diálogos internos, que as vezes travo comigo mesma, em outros momentos sua voz ecoa em mim. 

Obrigada por compartilhar a delicadeza e o drama da vida comigo. Sinto profunda gratidão por sua vida.

Bendita seja a chuva que molha esse cimento e ao meu ser.

Compreendo seu som através de aparelhos auricalures.
Se não o fosse, como eu saberia da chuva?
A temperatura cai, os ventos sopram frescos através das janelas modulares.
Meu coração se anima pela madrugada a dentro.

//

Ordem.
Organização.
Paz.
Tranquilidade.

Tudo o que eu via e sentia quando na infância, agora, aos 24 anos de idade, o vivo.
Vivo a plenitude de meu ser; vivo meus sonhos, vivo no ambiente onde posso me expressar. Vivo de acordo com meus anseios.

Observo
cuido,
medito
tomo ação.
e a não-ação.

O colorido de meus dias borbulham dentro de mim,
borbulham de forma plácida em meu peito os sonhos que desejo.
Borbulha minha personalidade.

 O anseio da vida, o anseio da felicidade.

Me encontro no agora na paz e felicidade que é pra ser.
Ser eu.

Quem sou eu?

Pergunta que toma meus pensamentos em diversas horas do dia.
Algumas vezes encontro respostas onde meu coração descansa.
Em outras, meu espírito se agita como um mar em tempestade, derrubando qualquer tipo de navegação, engolindo a todos os seres para suas profundezas.

Estou no aqui e agora.

E isso significa a felicidade e plenitude dos meus dias.
A Ordem.
Cada objeto e sentimento tem seu lugar.
Cada objeto e sentimento que aqui se instala possui uma finalidade. 
Não é apego.
 É forma de expressão.

Hoje, encontro a calma para observar, planejar, construir e fechar o ciclo. A honra de minhas escolhas, a honra a mim mesma.
Outros dias, todo sentido se perde. Nada faz sentido. Tudo perde o sentido.

Observo o aqui e o agora.
Estou presente.
Estou feliz e calma.

Bendita seja a chuva que molha esse cimento e os prédios a minha volta.
As poucas plantas que habitam lá foram se energizam, assim como eu.

Eu quero estar em contato em comigo mesma, com a natureza, quero calma e tranquilidade. Sei que a paz de espírito andará comigo por onde eu for, mas eu quero me achar primeiro.
Quero entrar comigo mesma, quero sentir. Quero ver a verdade.
A verdade dói. Romper a casca dói. A vida é repleta de sofrimentos. Isso já está mais que claro, e está tudo bem. Quero a calma de uma noite chuvosa, quero entender outros Universos. 

Mundo e consciência se expandem.
Quem sou eu?
Meu ser é um ser infinito de possibilidades e realidades. Cada pessoa que eu crio conexão, me faz estabelecer uma ligação diferente comigo mesma.
De diversos pontos de vista, eu me vejo nas pessoas novas. E elas têm força suficiente pra  tirar da estagnação e agir, modificar, revolucionar o ser.
Eu não tenho medo agir. Eu não tenho medo de ser minha melhor versão. Não tenho medo de machucar a quem amo, pois minhas mudanças são para o bem, são para a consistência, disciplina, autoconhecimento 

16/07/19 s.s.

Quem era você, pianista exímio de cabelo liso com dois dreads tímidos ali perto da nuca. eu te via, te admirava eq menos percebi, estava envolta no teu corpo esguio, forte, quente que alucinava. tua boca me devorava em cada beijo e nem sei em que melodia eu cantava. eu cantava um gemido que te enlouquecia, e daquela noite eu não mais me esqueceria.  asaudade do teu beijo, do teu cheiro, da tua barba me contaminando, tirando meus pés da realidade. queria morar perto de ti, queria fazer música contigo. e desse encontro surgiu um desafio: eu vou tocar tão bem pra podermos tocar juntos um dia. assim eu vou te rever, nos palcos da vida, das luzes amarelas no teu rosto, no teclado do teu piano. eu espero te rever, e espero olhar no fundo dos teus olhos quando estivermos tocando uma nota irresoluta.

Tu virastes poesia

Tu virastes poesia e aqui mora um perigo.

Mora um perigo porque quero te acariciar

Quero suavemente beijar teus lábios e me perder nos teus cabelos finos.

Não quero te atrapalhar, não quero te confundir.

Mas como eu não te atrapalharia se eu me entregar neste sentimento sem deixar um pouco de mim em ti.

Quão capaz eu seria de me sentir suficiente com apenas um beijo na tua testa, no fim da tarde dolorida de uma terça-feira.


Mora o perigo pois tu és apaixonante.
Em tudo o que fazes, te entregas.

Como não se apaixonar por isso?

Como eu não me apaixonaria pelo teu sorriso, pelos teus olhares misteriosos, discretos e profundos. Sou a única? De forma alguma.

Quero me distanciar pra não nutrir o que não existe.
Entretanto quero continuar nisso pra que a música seja nossa laço. E somente isso.

Pra que eu sinta tua respiração, que me arrepia, me deixa sem fôlego, que me deixa inebriada pela forma que tu te entregas ao momento.

Quero beijar-lhe a face, quero beijar-lhe os olhos, afagar tua dor.  Mas não é minha responsabilidade.

Não te culpes por ser quem és. Tu és um ser que se destaca entre outros. Se reconheça para encontrar teus limites e assim poderás entender a forma que te relaciona com os outros.

Apenas me permita que eu lhe afague com meu som grave e melancólico de violoncelista. Só assim eu poderei me entregar a ti sem lhe causar algum mal.

seu timbre cantando gonzaga

seu corpo moreno, grande, que podia envolver meu corpo moreno, inteiro, sem deixar nada de fora. você tinha a força pra levantar, mas eu tinha força pra te revidar. e eu me perdi no seu beijo, no afago daquele ar selvagem que você sempre exalou, naquele ar que mesmo sem te ver eu sabia que estaria ali ; me perdi na sua barba, nos seus cabelos encaracolados. me perdi no tamanho da sua mão, dos seus braços, e no seu cheiro - que eu quase ficava sem ar. queria que sua mão deslizasse sobre meu pescoço e tirasse o fôlego. queria sentir o seu calor entrando em mim. queria me deslizar por todo seu corpo. 

 eu senti seu corpo, eu vi seu corpo - tão lindo, tão cheio de vida, com aquela luz amarela-avermelhada que deixava seu olhar mais sensual, mais intrigante, instigante.. 

e não foi nada. não passou ds limites. foram apenas 30 minutos pra eu aproveitar tudo o que pudesse sem ter tudo de você. 

sem te conhcer.

sem saber quem você era. 

só depois, descobri mais sobre você. eu te vi tocando. e aquela frase com seu timbre nunca vai sair da minha memória: "quando eu vim do sertão,seu môço, do meu bodocó, a malota era um saco e o cadeado era um nó. só trazia a coragem e a cara, viajando num pau-de-arara, eu penei, mas aqui cheguei"

 e foi tudo o que tenho de você em mim. o que eu deixei em você?

toda vez que ainda te vejo eu me intrigo com seu ar e sua postura. eu fico instigada a entrar em você e cavucar suas experiências e seus gostos musicais. e eu ainda queria me perder nos teus cabelos-mais-longos-que-os-meus. e queria saber se você saberia me tocar igual você toca música. 

Solidão medíocre

A sua vida parecia incrível pra quem olhava de fora,
Pra mim que convivia com sua pessoa, era feita em cima de mentira
Mentiras que contava pra tornar sua vida medíocre em um romance best-seller.
Mentira pra sanar as lacunas que ele próprio não possuía habilidades pra tapar o buraco da sua solidão.
Mentira pra proteger o ego, proteger a masculinidade, mentira pra proteger sua imagem de homem-bom, de homem moderno, homem feminista AHAHAHHA
Mas aqui eu rio tanto, pois eu que convivo, vivo todos seus machismos, todas suas mentiras me ferem, me rompem, me desestabilizam.

Solidão medíocre tapada por mentiras, pra talvez ele próprio acreditar que sua vida é menos medíocre.