28/04/2015

aquilo já estava revirando tanto meu estômago
que, não aguentei.
peguei a lapiseira mais próxima - claro que era a minha azul favorita -
levantei delicadamente minha blusa.
com o toque gelado dos meus dedos, procurei minhas costelas - envolvidas numa grossa camada de gordura.

deixei a ponta da lapiseira querendo cravar o meio das minhas costelinhas - tudo voltaria à tona: meus erros, meus monstros, minha incapacidade de ser melhor aluna, melhor filha, melhor namorada, melhor amiga.

aquilo era minha decadência, depois de tantos anos na luta pra melhorar de situação. é claro, que em breve, a anorexia, bulimia e tentativas de suicídio voltariam. o corte na costela seria o gatilho pra morte.

era questão de segundos eu colocar um pouco mais de força na lapiseira pra que pudesse começar aquele ritual maldito, faltava pouco pro sangue começar a aparecer, minhas lágrimas rolarem frias no meu rosto, meu óculos ficarem embassados, e eu, estática, hipnotizada pela dor.

por sorte eu acordei, ouvi o barulho do motor do carro, e a voz da minha mãe. eu estava à salvo.
tudo aquilo não passou de um sonho/pensamento.

por mais que doasse por dentro, eu não ia exteriozar das formas mais patéticas que possam existir. eu estava/estou aprendendo a engolir a seco, e saber esperar as coisas acontecerem por milagre.
já não cabe à mim sonhar ou querer algo. tudo está fora do meu controle. só entrego, e espero os dias passarem. e como dizem: - e aí, o que fazemos da vida? - vamos vivê-la." hm, daora hen. oh. supimpa.

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 o mais difícil da vida é vencer a si mesmo. o que isso significa? significa abdicar de prazeres momentâneos para colher um e se transformar...