22/08/2013

   Meia noite e oito, a lua cheia me chama e me acorda na madrugada ( - Volte para mim minha querida!), são só meus pensamentos e o barulho de fome da minha barriga me corroendo. Uns passos além de onde estou, onde cairei? Irei despencar pela janela. Não. Devo ter dado as costas pro abismo, e caminhei na direção oposta. Mal escuto os profundos ecos que escutava antes, o frio na barriga de olhar pra baixo e ter a sensação de estar morta-viva, a escuridão me chamando diuturnamente, me chamando para encarar o desconhecido, o novo; esquecer as dores empestadas na carne, sair da comodidade. Por algum motivo, quase um impossível motivo, tamparam o abismo. Colocaram uma ponte. Talvez eu esteja andando sobre ela, talvez eu esteja indo embora. Deixando a ponte e o abismo, e os sonhos e a felicidade genuína.
  ''Isso tudo porque estava doendo? Por que estava ficando louca? Por que o tempo esmagara-lhe o corpo quase desenvolvido? Por que não sabia se voltaria, se cairia logo de uma vez, ou ficaria sentada mais um bom tempo sem saber quando voltaria a viver? A verdade é que sempre foi uma escrava do tempo, dos sentimentos, dos medos. Nunca fora dona do próprio corpo, dos pensamentos e sonhos. Tudo comprado. A troco e preço de nada. Não podem te salvar. Porém, teus vícios também não te salvarão.''
   Sei e sinto que não sei ou conheço muitas coisas, que fico à deriva do tempo, sentimentos, medos, e sonhos, que me perco imensa e facilmente nos meus pensamentos e me deixo corroer. Muitas vezes meu corpo denuncia a ansiedade e inquietude que passa na mente - como ele sofre, sofre todos os vícios. Mesmo assim não abrirei mão da felicidade genuína. Sei que a tristeza genuína também é muito dolorida, me faz sentir viva, tão quanto estar feliz. Embora essa neutralidade, mascarada com euforias e melancolias seja razoavelmente confortável, é desprezível. 
   ''As guerras serão incessantes, é preciso (re)acostumar-se com isso. Nunca fora-lhe suficiente, nunca será. Sempre quis ser mais. Ter mais. Mesmo que tudo isso seja de você mesma, sobre sua personalidade. A exatidão de quem tu és nunca estará pronta, pois não serás um ser exato, possivelmente, poderás ser vários seres exatos; mas a exatidão não lhe acompanhara pela vida de outrora, por que sairia em busca disso agora?''
  

Nenhum comentário:

Postar um comentário

 o mais difícil da vida é vencer a si mesmo. o que isso significa? significa abdicar de prazeres momentâneos para colher um e se transformar...