Não é da quarentena que estou falando

Me sinto introspectiva

De tal maneira que não me sinto 

digna de conversar ou de 

Receber atenção

Vivi o dia desejando companhia

Pra tomar cerveja ou açaí 

Mas fui me acostumando 

Com a própria solidão. 

Alguém me olhou e me sentiu 

Mas eu mesma já não vi 

O mundo que me rodeava.

Era tão somente a respiração 

Leve e insuficiente

E um nó na garganta de

Estranheza e contentamento 

Com o longo silêncio

 Não mais sufocou

Apenas preencheu. 

 Quanto tempo leva pra uma pessoa ser capaz de ver a outra de verdade?

O Falecimento do Patrícia

 A vida acontece em algum lugar, eu não sei onde eu estou com a cabeça pra estar simplesmente sobrevivendo com migalhas de memórias velhas do que costumava ser eu. O eu se transformou em alguém que hoje é minha casa, mas vive com a cabeça no passado, no apego da vida mundana que se acelera lá fora. Parte de mim respeita e vê a vida como ela é hoje. A outra parte grita desesperadamente por um centro urbano cheio de gente, de sorrisos, barulhos e música. Isso talvez seja só uma velha lembrança do que costumava ser eu.