28/12/2016

O que é o estudo do violoncelo?

Entre alguns insights e devaneios pela falta de concentração enquanto minhas mãos executavam o que eu já havia construído concentradamente, começo a perceber partes do meu corpo que antes não percebia por estar com a atenção focada em outros detalhes (ler a peça, ler a partitura, postura da mão esquerda e da direita, postura da coluna, afinação, dinâmicas, interpretação…)
Era 17:40 de sábado, e eu nem queria estudar. Porém eu precisava estar com o concerto inteiro pronto até a próxima sexta feira. Eu preferia fazer uma faxina na casa inteira do que estudar. Estive procrastinando meu estudo desde às 9h da manhã.
Com muita força de vontade - mas ainda sem nenhuma vontade real de estudar, comecei o pequeno ritual pré estudo: pegar o case, abrir o grande zíper, virar num ângulo certo, pegar o cello com a mão esquerda, abrir o espigão, arrumar o arco, instalar milimetricamente o stopper no chão. E aos poucos cada barulhinhos que fazia parte do ritual foi me animando: o espigão batendo delicadamente no chão, a crina sendo esticada no arco, e as cordas ressoando dó sol ré lá, pra uma conferência breve da afinação.
Teoricamente, eu começaria com escalas, estudos de mudança de posição, prestaria atenção no meu corpo. Teria um assento apropriado, minha postura estaria ereta, e a iluminação seria suficiente para ver a partitura… Mas não, não nesse dia. Comecei a tocar toda torta, brincando com as notas do concerto. Fui tocar lá na posição de capotaste. Estava sentada no sofá da sala, que queria me abraçar, escurecia aos poucos e luz continuava apagada. Aos poucos, minha mente foi trabalhando para lembrar as notas corretas, e não deixou ligado o piloto automático que fazia os dedos se mexerem na hora certa. Fui trabalhando o ouvido pra afinar o concerto naquela posição que meus dedos não sabiam se mexer direito. Sem perceber, minha postura foi ficando ereta, meus cotovelos foram se alinhando, e eu já parecia a Jacqueline Du Pré, com tanta elegância que estava fazendo aquela brincadeira.
Começou a saudade por tocar o Concerto na posição correta. Há uma hora dessas, tudo estava arrumado. Porém, minha cabecinha de borboleta fez com que eu esquece minha estante. O escuro da sala colaborou para que visualizasse a partitura na minha frente. Fechei os olhos, respirei fundo, e o golpe inicial foi o ponto de partida para um novo mundo que se abria pra mim.
Se fosse em outro dia, eu ficaria focada na partitura mesmo que eu já tivesse aprendido a peça. Chegaria um trecho onde seria difícil executar sua passagem, o arco perderia a força pois não queria ouvir aquilo soar desafinado, o som sairia rarefeito, contrairia o abdômen, prenderia o ar, tensionaria o maxilar, minha testa ficaria fechada, minhas pupilas se dilatariam, meu coração bateria mais rápido: PAH! Tudo ficaria caótico e o mundo desabaria.
Não. Nada disso aconteceu. Fui lembrando da peça, como eu gostaria que soasse e abri meus ouvidos para concebe-la em sua realidade. Testava diferentes pontos de contato para chegar mais próximo ao som desejado. Tinha o espelho desenhado na minha cabeça, e meus dedos sabiam exatamente onde ir. Finalmente chega o trecho em que a afinação pendia, eu corria contra o metrônomo.
Toquei.
Fui lembrando da análise que tinha feito, quais eram as progressões harmônicas que ocorriam, e descobri algo que me impedia de executar bem: eu tensionava meu pulso esquerdo, com isso, meus dedos não tinham a liberdade de abrirem o suficiente para alcançar as notas, e afinar a posição. Com isso, fui relaxando aos poucos, e até minha mão direita teve mais facilidade para fazer os legattos que a sequência de arpejos que pediam,
Nessa brincadeira, eu não errei nota nem arcada. Fui afinando aos poucos o que faltava. Era uma brincadeira, não tinha o que temer.
Chegou outro trecho difícil. Posição de capotaste com mudanças rápidas. Parei concentradamente neste trecho e fui sentindo meu corpo, se era capaz ou não de tocar aquele novo dedilhado. Testei outras posições. Fui afinando aos poucos, juntando com trechos anteriores e tentando tocar mais à tempo. Não consegui. Meu polegar estava tão sensível que parecia sangrar.
Testei mais um pouco até conseguir afinar. Fiquei tão feliz que fui descansar. Abracei minhas cachorras, meus gatos. E todo esse trabalho me custou apenas 1h20min. No outro dia, eu precisaria estudar novamente para fixar tudo o que tinha aprendido sobre meu corpo e um pouco mais sobre o violoncelo. Esse é meu problema. Um relacionamento estranho com aquele corpinho de madeira gelado sobre o meu. Muitas vezes, é árduo pegá-lo pela primeira vez no dia, mas quando o faço, não quero abandoná-lo.

27/12/2016

Se lhe tenho em meus olhos,
Congelo.
Meus pensamentos,
Derretem.
Sua suave fragrância de café
Me invade.
Na sua solidão
Eu pratico minha paciência
E no nosso silêncio
Eu agradeço.

Agora
Temos nossa luz amarela
De vela
Temos nosso gato
E seu cheirinho da areia
Um mar de sonhos, vontades...
Não preciso mais contar o tempo
Pois sempre que acordo tenho você

Minh'alpaca

Dada
O que eu quero
Penso
Dada
O que eu sou
Foi feito
Se me perguntas o sentido
Eu inverto
Nada
O que eu fiz.

Dada
Na noite de inverno
Nada
Na minha meia de Alpaca
Taga
E se eu colasse a foto do meu coelho?
Me perguntas o motivo
E nada.
Era o concurso de meias.

Se sou poesia?
Mentira...
Apenas sou
Dada
Como quero
Sou dada
O que sou
Do jeito que espero


07/09/2016

A Request, with love:

Please:

Don't hear your fears,
Don't hear your jealousy,
Don't hear your pain, or
Even the old monsters hidden into the deep of your heart.

Sometimes, it would be easy to fall again,
Just stop to eat, or cut myself.
It would be easy enough.

But not for my own evolution.
Not  for me.
It would be not fair with my family
And with who helped me to pass this shit.

Just take a deep breath.
The monsters will always surround your mind,
They will whisper at your ears,
They will say you are not good enough,
They will say you are not intelligent, pretty or cute.

BUT YOU ARE MORE THAN THEY SAY.

You are beautiful, you are intelligent
You are perfect at your own way.
You are diligent.

I love your personality, your tastes
Your interests.

DO NOT GIVE UP. 
Not now.
Now, you need to fight against yourself and the spiritual enemies.
Because now, you are closer of your main dream!





14/08/2016

Gangorra de emoções.

Somos assim, uma gangorra.
Se a dor pesa de um lado, alivia do outro.
Mas você quer ser o centro da gangorra onde o peso da dor fica equilibrado em ambos os lados.
Bonita ação. Só aparente.
Um dia as mentiras e as omissões irão pesar pro meu lado ou pro lado dela, aí a gangorra vai quebrar.
Quem está na ponta da gangorra é que se machuca, o centro é sempre estável (e frio?)
Todos vão se machucar ou apenas a mais frágil.
Eu não sei até que ponto essas mentiras farão bem pra ela.
Apesar que eu não sei se tem algo que escondas de mim. 

11/07/2016

Chuva, jogos, cello e um pequeno mundo de caos

Hoje, o dia rondou em meus pensamentos em forma de insights, em forma de observação e compreensão de coisas da vida.
Tive vontade de escrever sobre minhas experiências morando em Maringá, com as pessoas que me relacionei. E o quanto eu mudei: acho que essa foi a parte crucial. O quanto eu aprendi a me relacionar socialmente, a manejar as comidas e prepara-las de forma gostosa(e isso estou desenvolvendo muito bem, por sorte)
E aos poucos aqui, eu começo a compreender, a sentir e viver a vida de outra forma. Eu desenvolvo coisas que eu achei que estaria estabelecido na minha cabeça.

Foi a escolha certa? Não teria sido mais fácil ter ficado lá?
Sim, foi a escolha certa. Quando eu estava decidida a mudar, eu me permiti 3 caminhos, me esforcei ao máximo que pude dadas aquelas circunstâncias e mudar era a melhor coisa.
Ainda é a melhor coisa.
Sim. Teria mais fácil ter ficado lá.
E era justamente isso que eu queria evitar: a zona de conforto. Eu me acomodando com meus estudos, com notas medianas, é um mundinho fácil.

Como eu sempre tento acalmar minha mente:
          "Continue focada no objetivo, não caia no conforto da preguiça. Exteriorize o seu melhor. Você é melhor do que você sabe. Se você não se esforça, não poderá saber o quanto pode fazer com sua capacidade máxima.
Seja mais determinada.. Não tenha medo de ser o seu eu verdadeiro. Seja melhor do que você é hoje. Sempre evolua."

Por ora, é isso.
Obrigada.


02/04/2016

tanta coisa acontecendo. mudanças novamente.
ciclos se fechando? e quantas outras realidades se formando?

meu querido, há quanto tempo não lhe vejo?
há quanto tempo não me perco nos teus olhos
nas tuas finas mãos geladas...

há quanto tempo eu não lhe recebo em meu corpo,
no meu corpo quente, que lhe satisfaz.

delicadamente quero me envolver em ti novamente
e me perder nos campos e montanhas ao teu lado

quero e estou abandonando o conforto de tudo
para seguir ao teu lado, para evoluir mais um pouco como pessoa
e zás.

31/01/2016

e lá pelas tantas era só isso que eu sentia: insatisfação.
eu sei que o processo é lento. eu percebi que sou capaz.
apenas machuca. mas ninguém disse que seria um mar de rosas.

30/01/2016

Minha Ma.

Na fila pra comprar churros me disseram, em tom de brincadeira, que você estaria ali. Eu achei que era outra pessoa quando falaram seu nome.
Quando virei minha cabeça para trás e vi você. Aquele pinguinho de gente com um vestido bordô, coturno e seus lindos cabelos negros, combinando com a armação do óculos e a maquiagem, que me bambeou as pernas, fez meu coração pulsar mais rápido, fez meu humor ficar introspectivo. Você me olhou com seu olhar doce, me acenou com a mão direita, e eu acho que correspondi. Mas estava perdida nas minhas sensações que não sabia se ia te cumprimentar mais perto, ou se aquele aceno seria suficiente.

 Claro que não fui te cumprimentar!

Fui correndo na quiosque falar com minha mãe. Devia ou não falar com você!? Você que me dá saudade, que quero abraçar e pedir desculpas...
Voltei pra fila do churros. Eu não fiz nada. E nem você estava lá. Eu fiquei te procurando, querendo te encontrar pra cair no seus bracinhos, e querendo não te encontrar pra não ter que passar por outra sensação horrível de novo.

E quando eu voltei pro quiosque onde minha trabalha, você estava lá. Falando com ela, querendo um abraço dela porque fazia tempo que vocês não se viam também.
Eu fiquei na porta, te admirando. Fiquei na porta decidindo se te abraçaria.
O abraço entre vocês terminou.
E ficamos, você e eu, cara a cara.
Pedi um abraço, e seu peito me recebeu carinhosamente. Mergulhei meu rosto no seu ombro, num abraço firme, te disse bem baixinho: "não acredito. que saudade que eu estava de você"
Com uma voz mais delicada do que eu me lembrava você perguntou se eu estava bem.
Nos afastamos, eu lacrimejando respondi: "Sim, estou bem."
Talvez as lágrimas não te convenceram. Segurou meu rosto com suas mãozinhas pequeninas, sua aliança de casada na mão esquerda, e seu anel de compromisso de caveirinha na direita: " Você está bem mesmo"
"Sim, é que fazia tempo que eu não te via."
"Você pode me ligar se quiser falar comigo, não tem problema."
"Tudo bem, mas eu não tenho seu número mais."
"É o mesmo de sempre, 9xxx-1xxx"
Fui correndo anotar em qualquer papel.
Mal conseguia olhar pra você, mas queria...
"Vem sentar ali conosco se quiser e der tempo, tá?"
"Obrigada, mas tenho que ajudar aqui."

Depois disso, um alívio percorreu meu corpo. Volta e meia eu ficava te olhando, sorrindo e etc. Lembrando de tudo o que vivemos, e da falta que você me fez...

 o mais difícil da vida é vencer a si mesmo. o que isso significa? significa abdicar de prazeres momentâneos para colher um e se transformar...